O Renan é o nosso segundo entrevistado no blog. A razão de entrevistá-lo não precisa de uma nota introdutória explicativa, ao menos para quem tem o hábito de comprar discos de bandas punks brasileiras e do restante do mundo, pois o cara está por trás da gravadora e distribuidora Terrötten Records, sediada na cidade de Porto Alegre. O Renan é responsável por espalhar bandas punks dos quatros cantos do mundo em território brasileiro, assim como, na mesma medida, lança bandas brasileiras que são distribuídas para todo o mundo. Fique com a pequena entrevista e saiba um pouco mais dos acontecimentos da Terrötten:
Como é manter uma gravadora independente no cenário que a música ganha expressão via MP3 ?
A mp3 já existe a bastante tempo e parece que só nos últimos anos virou febre. Conheço gente velha e nova que pega vinil e CD, então não estou preocupado com as mp3, não me afeta, mas acho lamentável que alguém tenha coragem de usar uma camiseta de uma banda que não têm 1 disco e nunca foi um show, atitude não é ficar rolando idéia de disco em redes sociais. O problema não são as mp3’s, mas o mundo virtual ou a cena virtual que existe hoje. Quase ninguém faz algo realmente importante no mundo real, apenas produzem (?!?!?!?!) no virtual. A mp3 é ruim? Não, ela funciona muito bem na substituição das cartas com demos, coisas do passado, não têm custo, você houve um som novo no mesmo dia que a banda divulgou, é ótimo, o problema é ficar aprisionado somente a isso. A tecnologia fudeu a música independente, o mainstream não, esse continua lucrando com tours milionárias.
Como está para manter financeiramente o selo?
Temos que esclarecer aqui que são 2 atividades distintas mas que se completam: Selo e Distribuidora. Um não existe sem a outra, o selo diminuiu bastante os lançamentos nos últimos anos, principalmente com a dificuldade (alto custo, etc) de se fazer vinil no Bra$il, mas segue vivo e vai continuar existindo, mas ele existe e resiste ainda – financeiramente falando – por conta da distro, as vendas de materiais importados que têm maior interesse do pessoal aqui, se não fosse isso o selo estaria com dificuldades já que muitos selos gringos não fazem trocas e dado ao alto custo do correio internacional nos dias de hoje.
Quais são os crtitérios de escolhas para lançar os discos na Terrötten?
Basicamente, lanço as bandas de amigos e que se encaixam no som da Terrotten, salvo 1 exceção que é o Damn laser vampires, que é um caso especial em virtude da sacanagem que outro selo fez com os caras e de serem batalhadores do underground além do Michel ter tocado comigo muitos anos e ajudado na parte de arte e gráfica nos primeiros 6-7 anos de Terrotten. Vou continuar fazendo isso mas com mais foco nas bandas nacionais já que ninguém lá fora apóia as bandas daqui – salvo as exceções que vendem bem (!) – e também com mais lançamentos em vinil e poucos ou nenhum em cd.
Qual é a relação que o selo mantém com as bandas?
Jogo aberto, amizade e sinceridade com todas as bandas que passam por aqui, sempre foi assim e sempre vai ser, não é um relacionamento comercial, não têm que ser, isso não é o punk, não têm que ser um negócio formal mesmo que as vezes seja. DIY não é individualismo e faça qualquer porcaria, têm que ter organização e comprometimento com o trabalho de todos assim como queremos isso de volta com nosso trabalho.
O que esperar de próximo lançamento pela Terrötten?
Nessa ou em outra ordem próxima (depende mais das bandas do que de nós) serão lançados os seguintes:
DISCHARGE, BRAZILIAN TRIBUTE CD
NUCLËAR FRÖST - FULL ALBUM CD ou LP
SELVFORAKT 7” (2 caras do DISARM/brasil e o vocal do SOUND YOUR ALARM)
LIVING IN HELL 7” (nossa banda nova, formada em 2010, ex-membros GRITOS DE ALERTA e UNIDOS PELO ODIO. Soa como WOLFPACK antigo moído no liquidificador com DOOM e DISRUPT)
LIFELÖCK - "A non nuclear nightmare" CDep
DISPROVE - DISCOGRAPHY CD
- Myspace Terrötten Records
- Site
------------------------------------------------------------------------------------
Por Maikon K e Victor B.
Um comentário:
outra entrevista com o Renan: http://mizerawebzine.blogspot.com/2010/12/entrevista-com-renan-terrotten.html
Postar um comentário