10 de jan. de 2012

Uma ida ao Gilman - Por Alf

Eu convidei o meu amigo Alf - Alan Fachini - para fazer um relato sobre sua ida ao Gilman 924, clube punk rocker na região de Berkley - EUA.

O Fachini mandou um panorama de um rolê necessário para quem passar pelas bandas da Califórnia. Valeu, meu caro.
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Na última Sexta-Feira fui para Berkeley para assistir a um show de música no 924 Gilman.
O 924 Gilman é um dos refúgios mais antigos do Punk no planeta. São 25 anos em que o pessoal da Bay Area, em especial de Berkeley, vem mantendo o espaço para a cena underground que gira na sua maioria em torno do Punk Rock. Pense na banda que você mais curte. Se é Punk, não assinou com uma grande gravadora e esteve em tour pela California, com certeza ela tocou no palco do 924 Gilman.

Desde a sua abertura, o espaço se organiza dentro da ética do faça você mesmo, com participação da comunidade, provendo concertos para todas as idades.
Logo na sua entrada estão escrito os seus mandamentos:

No (expression of) racism
No (expression of) sexcism
No alcohol [1]
No drugs
No violence
No stagediving [2]
E algumas outras coisas mais que eu não lembro.

No último dia 6 de Janeiro rolou lá um show com The Smell, Tornado Rider, Kevin Seconds, Emily’s Army, Bobby Joe Ebola . Me pareceu uma ótima oportunidade de ir até o pico, conhecer o local, as pessoas e ver o trabalho solo do Kevin Seconds e o excêntrico Tornado Rider. Eu saí perto das 18 da tarde de San Fran e peguei o BART [3] em direção a Berkeley. Cheguei na cidade meia hora depois e já havia escurecido. Apesar de imprimir um mapinha com toda a informação necessária para chegar ao lugar, eu me perdi, não entendi o mapa e fui para o lado errado da cidade, Berkeley é uma cidade de ruas escuras a noite e eu não conseguia ler meu mapa. Eu voltei para a estação do BART e achei o meu caminho até o 924 Gilman.

Esperei um pouco na fila até as portas abrirem e uma coisa me chamou muito a atenção logo na entrada. As primeiras pessoas a entrarem foram convidadas a trabalhar como voluntárias na associação de novos membros, cobrando a entrada, cuidando da venda de zines, etc. Quem é voluntári@ não paga para assistir aos shows! O público da noite e ra formado por muit@s adolescentes e jovens, alguns pais e alguns tiozões e tiazonas punks.
Fotos na parede.

O local não é muito grande, mas chuto que deva ter espaço confortável para cerca de 350 pessoas, com uma sala para a entrada, uma para a lanchonete e loja de zines e o salão para os shows com as paredes forradas de graffiti, fotos e flyers. No salão principal dividiam espaço também algumas banquinhas de livros, de material das bandas e os instrumentos musicais. O pico tem toda a infra estrutura necessária para ter um show de qualidade, bons equipamentos e técnicos de som disponíveis.

A primeira banda da noite foi The Smell. Essa banda me fez lembrar dos relatos sobre os primórdios do Punk Rock: 3 acordes, banda formada há duas semanas, primeiro show, 4 músicas escritas. A banda não era muito boa em se tratando da execução das músicas, mas a vocalista estava encantadora com sua tatuagem do Black Flag no braço a vista e tocando sax. No intervalo do show conversei um pouco com o Ramsey da PM Press sobre as coisas da vida, livros e música. Dêem uma olhada no site deles, eles têm editado coisas muito legais relacionadas com política, dieta vegana e a cena Punk.

A segunda banda estava pronta. Uma cois que me chamou muito a atenção foi que começaram no horário, as bandas são rápidas para subir ao palco, el@s literalmente desmontam tudo, e remontam novamente, cada banda com seus instrumentos, incluindo amps, bateria e seja mais o que el@s tiverem, sem enrolação. Tornado Rider é daquelas bandas que você escuta para curtir a vida. As letras e o estilo dos caras me fazem sentir na terra do nunca, com garotos voadores, dinossauros e fadas ao redor, e é claro, um falcão. Para vocês sentirem o naipe da banda, eles já tocaram no Burning Man. O frontman carrega um cello ligado na distorção e faz o instrumento soar mais pesado do que muita guitarra do Hardcore. Esse show foi doidão.

No intervalo, eu conversei com um dos voluntários [4] antigos do espaço que estava responsável pela banquinha de zines. Ele me perguntou se esse era mesmo o show que eu gostaria de estar vendo, eu disse que sim, até pela minha curiosidade em ver o Kevin Seconds e Tornado Rider, além é claro de conhecer o pico. Mas o show que eu gostaria mesmo de paixão ter ido ver foi no dia 16 de Dezembro, Backbird Raum, mas eu tinha acabado de chegar de viagem. Conversamos um pouco sobre as cenas, eu falei sobre as pequenas movimentações que aconteram/acontecem em Joinville. Eu tenho que admitir que me bateu um pouco de vergonha na hora, eu estava em um lugar mantido a 25 anos com trabalho voluntário reclamando que não tinha nada rolando em casa. No final das contas, eu peguei umas Maximum Rocknroll pra mim e ele acabou liberando a banquinha para eu pegar quantas eu quisesse para levar para casa. Amigos punks, we haz MRR!
Kevin Seconds e seu vilão e músicas sobre a vida.

Era a vez do Kevin Seconds subir ao palco. É engraçado, a imagem que eu tenho dele é como vocalista do 7 Seconds, e é difícil imaginar que aquele tiozão de barba branca nos seus 50 anos de idade ainda canta em uma das bandas mais influentes do Hardcore. Mas a noite não era do 7 Seconds, era do Kevin, que tem esse trabalho Folk solo, mais ou menos one man band, tocando gaita, chocalho e seu violão, o qual possui poesias escritas no corpo e alguns adesivos como a máscara do Guy Fawkes. Na platéia, na primeira fila, estava a sua esposa Allyson, para qual várias das músicas eram dedicadas. Esse foi um show calmo, com as pessoas sentadas no chão curtindo as letras que falam sobre a vida, sobre ficar velho e sobre amor. Foi bonito.

Meu deadline para ir embora era ás 23:30, quando eu precisava sair do 924 Gilman e ir até o BART pegar o metrô para voltar para San Fran e pegar o Muni que vai até o bairro onde eu estou morando, ainda dava tempo de ver a banda de pop punk Emily’s Army. Os quatro guris da banda devem ter entre 14 e 16 anos, acho que a grande quantidade de meninas novinhas e pais no dia devia-se a presença deles. A banda tem uma energia adolescente massa, sai um som num esquema meio NoFX, Offspring, MxPx e fizeram alguns covers com direito a Do You Wanna Dance dos Beach Boys.

No fim eu saí correndo com um saco de zines nas costas para pegar o metrô. A noite foi boa, eu quero voltar lá ao menos mais uma vez para pegar um lance mais Hardcore. Para quem vier para Bay Area, não deixa de visitar o espaço, eles abrem toda Sexta, Sábado e Domingo. Recomendo que tragam gravações,zines e outras coisas do Brasil para fazer escambo e pegar material daqui. Em Berkeley, também recomendo o tour pela universidade se você quiser um lance mais nerdy e a visita ao HQ da Amoeba, onde você pode encontrar uma sessão de discos de Punk/Hardcore por preços tipicamente americanos. Aos amigos veganos, recomendo que o almoço seja no MAOZ, um coma o quanto quiser com quase tudo vegano, mas deixa um espacinho para a felicidade que o ice cream and cookie sandwiches do CREAM vai te proporcionar, é o paraíso!

Obrigado Maikon por se interessar pelos meus rolês e pedir esse relato. Desculpe o tamanho eu tomei muita cafeína hoje.

Notas:

[1] Segundo as leis do estado, só assim o local pode receber menores de 21 anos. Alguns bares de San Francisco usavam a técnica "big X`s in your hand" e em 1980 os guris do Teen Idles levaram a ideia pra casa.

[2] No stagediving pode parecer coisa de punk velho, mas o lance é que muita gente se machuca gravemente com isso e o espaço acaba tendo que arcar com algumas consequências como seguro mais caro e as vezes até bancar tratamento médico para os malucos.

[3] Metrô que liga as cidades da Bay Area (Bay Area Rapid Transit).

[4] O cara deu um baita presente e eu não lembro o nome dele, fracassei.

5 de jan. de 2012

Chicken´s Call em solo brasileiro

Os punks franceses do Chicken´s call  estão pelo Brasil no mês de março. Segundo o site da No god No Masters, selo responsável pela passagem dos caras em solo brasileiro, a turnê também compreenderá Argentina, Uruguai e Chile.
A banda Chicken´s call é ligada com a agitação libertária squatters, infoshop e afins no continente europeu.
Mais informações sobre a turnê ou organizar a passagem deles pela sua cidade, faça contato via info@nogods-nomasters.com

3 de jan. de 2012

Trailer - Ugra the Karma


TRAILER - Ugra the karma from INSANE MIND Films on Vimeo.

Trailer do doc sobre realizado na 1ª Ugra Zine Fest, que ocorreu ano passado. Não tenho maiores informações.

1 de jan. de 2012

Saiu na Maximum Rocknroll...


A passagem do Conquest for Death pelo Brasil ainda rende comentários. O Robert, baixista da banda, em sua lista de Top 10, na edição #344 no zine americando Maximum Rocknroll, listou muita coisa do cenário punk-hardcore brasileiro. Lá está o show de 30 anos do Ratos de Porão, o ep do Defy e outros discos e shows.  Leia o Top 10: http://maximumrocknroll.com/2011/12/20/top-tens-344/.


Robert levando seu filho para a escola em uma bicicleta Sundown.

6 de dez. de 2011

Deu no Orelhada


“A noite foi marcante para mim, acredito que para outros amigos também, mas não foi um divisor de águas no cenário musical da cidade. Serviu para entender um pouco mais sobre música, até mesmo sobre a maneira de levar a vida”, relembra Maikon Duarte, historiador, autor de teatro e cabeça do blog Do Trilho pra Cá. Leia o texto completo, aqui.

3 de dez. de 2011

Discharge - Tributo

Poucas bandas punks são fundadores de uma proposta estética que carrega um expressivo grupo de seguidores fiéis. Discharge está na fileira das poucas bandas. Caso for listar as bandas que extrapolaram a fronteira do punk, influenciando, por exemplo, o metal, a lista diminui. Mas o Discharge continua na lista. Uma prova disso é tributo brasileiro aos ingleses da banda Discharge.
Capa e poster do tributo brasileiro ao Discharge

A coletânea foi organizada por um dos maiores pregadores do amor ao Discharge, o Fofão, da banda Besthöven. A responsabilidade do lançamento contou pela cooperação de seis gravadoras independentes. O tributo acompanha um pôster com colagens e informações das 27 bandas brasileiras que representam clássicos do repertório do Discharge. Eu pensei em listar as versões que mais gostei, mas seria um tanto idiota, já que o lance é cultuar o inferno digno do Discharge. Vale a pena comprar o cd e ouvir com amigos punks beberrões e algum SxE que curta um punk de jaqueta de couro e rebite.

http://www.terrotten.com/

1 de dez. de 2011

Cortex

Flávio Grão é artista criado no subterrâneo das culturas urbanas brasileiras. De lá, trouxe uma bagagem carregada de conteúdos, informações, interpretações e iniciativas questionadoras.

O zine Cortex é a nova produção do artista Flávio Grão. O trabalho foi constituído com o uso de estilete e colagem, que merecem cuidados, não para evitar acidentes de trabalho, mas para o acabamento final não interferir na narrativa visual, ato que Flávio Grão demonstra efetiva criatividade, ao mesmo tempo, propõe reflexões aos que vivem na parte superior da cidade. O Cortex me conduziu a perturbação e a dor que é viver na cidade do tempo presente. É como aquela dor que surge na cabeça, logo após uma extensa jornada de trabalho.

Flávio Grão no facebook, aqui.

Flávio Grão comenta a ilustração de um livro, aqui e aqui.

Flávio Grão colabora no Zinismo, aqui.

Ps: a foto é um registro com meu aparelho telefônico, desculpe-me.